
O Jornal Correio do Sul publicou esta matéria, com edições e acréscimos, nesta terça-feira (12)
NADA MUDOU
Donos de terras do desvio da 101 continuam sem indenização
Eles afirmam que não recebem resposta do DNIT há mais de um ano, e não foram convidados para audiência pública
ARARANGUÁ – A retomada dos trabalhos de duplicação da BR 101 no Lote 29, abraçada pela Construtora Triunfo e iniciada no último dia 22, retoma também a discussão sobre o desvio da estrada, que deve cortar comunidades rurais como Operária e Sanga do Marco, em Araranguá. Segundo a assessoria de Comunicação do Dnit (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes), o contorno, que se estenderá a Oeste, do Km 409,2 ao 415,5, é garantido. Na audiência pública realizada em Içara, no dia 28 de maio, o superintendente regional do órgão, João José dos Santos, afirmou que a obra do desvio será feita em forma de elevado sobre pilares, o que agrada lideranças como o presidente da ong Sócios da Natureza, Tadeu Santos.
SEM INFORMAÇÃO – Esta, e qualquer outra informação sobre o desvio da BR 101, são conhecidas pelo agricultor Raimundo Machado, 68, o seu Rei, apenas pela imprensa. Assim como seus vizinhos, o proprietário de 11,5 hectares na Operária diz que não soube da audiência pública em Içara: “Nem eu nem ninguém aqui fomos convidados”, disse. Os três proprietários de terras indenizáveis da Operária esperam uma resposta do Dnit, desde que entregaram a papelada para a indenização, em março do ano passado. Seu Rei não sabe quanto o governo federal quer pagar pelas terras, e reclama que não pode fazer benfeitorias na casa onde mora o filho, e que será demolida para dar lugar à estrada.
“Ninguém nos procura há 1,3 ano”, lamenta o morador João Batista de Souza, 43, dono de terras indenizáveis na localidade. Assim como seu Rei, a estrada levará também a casa onde há 15 anos mora com a mulher e a filha. Ao contrário de seu Rei, ele sabe que as terras foram avaliadas em R$ 48 mil, e que a do pai, Manoel Zeferino de Souza, falecido recentemente, deve render R$ 28 mil.
Nelci Soares de Oliveira, 52, e o marido, têm pouco menos de um hectare a ser indenizado na obra do desvio da BR 101, avaliado em R$ 20 mil. Ela disse que um funcionário “que trabalha em Tubarão, chamado Nivaldo”, e que recolheu a papelada dos donos das terras, teria deixado o telefone, e que ela e o marido ligaram: “Ele disse que mudou a construtora, e por causa disso, esse ano não vai sair, e que a gente voltava a falar só no ano que vem”.
Para os moradores, os valores das indenizações devem ser rediscutidos. Segundo eles, a conversa com o Dnit prometia o pagamento para 120 dias, a partir de março.
Naquela comunidade, todos os agricultores preferiam não ter que deixar o lugar onde a maioria nasceu, cresceu e teve seus filhos e suas casas: “Me sinto mal, por mim eu não saía. Não tem graça ver derrubar o que a gente levou tempo pra construir”, lamenta João Batista, apoiado pelos outros moradores.
AUDIÊNCIA PÚBLICA
O Dnit ainda não promoveu nenhuma audiência pública em Araranguá para a discussão do traçado da duplicação da BR 101 na região, onde deve ser explicado o projeto do desvio, que afeta proprietários de terra como os descritos nessa reportagem. O presidente da Comissão de acompanhamento da BR 101, vereador Geraldo Mendes (PT) enviou requerimento ao superintendente, insistindo na realização da AP. O órgão deve dar uma resposta em breve. O vereador, que faz parte da Comissão do Meio Ambiente da Câmara, embarcou nesta terça-feira para Brasília, e junto com os vereadores Lourival João (PDT), o Cabo Loro, e Marco Aurélio Mota (PMDB), o Motinha, também integrantes da Comissão, discutem sobre a duplicação da BR 101 na região e a fixação da foz do Rio Araranguá. Segundo a programação, hoje os vereadores voltam à Araranguá.
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