segunda-feira, 18 de junho de 2007

COOPERAR - Nove anos reciclando em Araranguá

COOPERATIVA

Cooperar: nove anos reciclando em Araranguá


ARARANGUÁ – “Eu nunca pensei que trabalhar com lixo fosse tão bom. Hoje, estou aqui”. A frase do morador do Lagoão Émerson Silva, 27, mostra a animação de homens e mulheres que participam da Cooperar – Cooperativa de Trabalho e Produção dos Recicladores de Araranguá, que funciona no bairro, e hoje é a única cooperativa ecicladora na cidade. Assim como Émerson, os 25 cooperados têm razão para comemorar: nascida da discussão sobre trabalho da campanha da Fraternidade de 1999, a Cooperar tem conquistado espaços e garantindo a ascensão no mercado.


AVANÇOS – Segundo o presidente da entidade, Valdelir Cesconetto, o Dé, a busca por alternativas de trabalho e renda promovida pelo grupo católico acabou agregando idéias e parcerias. Com o apoio da Associação de Moradores do Lagoão, que tinha também um projeto de reciclagem, foi criado o projeto Reciclar, coordenado pela Ong Cecrea – Centro de Criação de Renda e Emprego de Araranguá, que inaugurou o centro de triagem da cooperativa, num galpão de 30m2 doado por um morador, e com poucos equipamentos, e organizou a comunidade para a seleção e coleta de lixo reciclável. Em 2005, e já podendo andar com as próprias pernas, o grupo de cooperados se desligou do Cecrea e fundou a Cooperar.

Hoje, a cooperativa conta com 600 m2 de área construída, em terreno próprio de três mil m2. Além do crescimento físico, a cooperativa investiu R$ 92 mil em equipamentos. Com a ajuda da Fundação do Banco do Brasil e outros parceiros, a Cooperar acaba de adquirir duas novas prensas, esteira de triagem, esteira elevatória, um fragmentador e um novo caminhão para a coleta. Nos primeiros tempos, o lixo reciclado era coletado por uma carroça puxada por um cavalo.

CONSCIENTIZAÇÃO – Na cooperativa, a palavra-chave é mesmo a cooperação. Todo o material reciclável (papel seco, plásticos, metais e vidros) é recolhido pelo caminhão nas comunidades de Lagoão e Divinéia, além de algumas escolas e órgãos públicos, todas as quartas e quintas-feiras. Mais de mil famílias colaboram com o projeto, separando o lixo reciclável.

Na cooperativa, os cooperados separam e selecionam o lixo, que têm valores diferenciados, segundo o tipo. O alumínio custa em média R$ 3 o quilo, enquanto o papelão sai por R$ 0,23 e o plástico, R$ 0,80 o quilo. Hoje, a Cooperar comercializa uma média de 15 mil quilos por mês, para empresas que usam a matéria prima para a elaboração de produtos em Araranguá, Criciúma e toda a região.

Émerson e José vêem a cooperativa como uma oportunidade de trabalho e também de colaboração com o meio ambiente.


TRABALHO – Numa esteira rolante por onde passam os materiais recolhidos na rua, os cooperados Émerson e José Ademir Rocha, 43, selecionam o lixo que será comercializado. Eles se dizem contentes com a coperativa, que percebem que ela está crescendo, e que o crescimento dela refletirá no bolso deles. Como cooperados, eles têm direitos iguais nos lucros mensais da empresa. Hoje, eles ganham em média R$ 450 por mês, mas sabem que o salário deve crescer: “Nós queremos trazer os catadores de lixo pra trabalhar com a gente, e ter mais produção e oportunidade para todos”, explica o Presidente da entidade. Ele diz que em Araranguá, 70 famílias vivem hoje da coleta de lixo. O próximo passo é ampliar o projeto, e incluir essas famílias no trabalho da cooperativa.

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