sábado, 30 de junho de 2007

DESESPERO - Mãe do menor dos cartões quer filho preso

DESESPERO

Mãe de menor estelionatário quer filho preso


Ela diz que a família se incomoda com ele desde que tinha nove anos, e quer que autoridades tomem providência e internem menor na Casa de Semi Liberdade

ARARANGUÁ – A vida de Nilce Teresinha Tomaczun, 44, não tem sido das mais fáceis. Alcoólatra, viúva há pouco mais de um mês, ela ainda precisa conviver com o problema do filho adolescente, BTS, 15, investigado por estelionato com cartões de crédito e outros documentos esta semana, pela Polícia Civil de Araranguá. Durante as duas horas em que a reportagem do Jornal Correio do Sul esteve conversando com a mulher em sua casa, em companhia da nora e sobrinha, Tairine da Silva, 17, várias vezes a entrevista foi interrompida pelo choro compulsivo. Segundo ela, o menino incomoda há muito tempo, e sempre as autoridades foram informadas: “O CT nunca ajudou em nada, e sempre ia pro lado dele quando a gente queria dar uma surra pra educar. Assim, perdemos o respeito do nosso filho”, lamenta.

MENOR INFRATOR - Segundo o Conselho Tutelar de Araranguá, o menino é acompanhado pelo órgão desde os nove anos de idade, quando começou a praticar os primeiros furtos. Em dezembro de 2001, foi encaminhado pelo CT ao Ministério Público, e desde então, foram vários registros. O MP determinou medidas sócio educativas em serviços voluntários, mas o menino nunca cumpriu nenhuma. Foi expulso de uma escola na Cidade Alta, e fugiu de outra no Mato Alto, na 8ª série. Aos 12 anos, já era considerado um menor infrator: “Sempre buscamos atender a família, mas a situação ali é muito complicada”, lamenta a Conselheira Tutelar Marli Machado Gonçalves, ao responder às críticas da mãe. Para as Conselheiras, a coisa não foi bem assim: “Às vezes somos mal interpretadas quando pregamos o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA – que fala da importância do diálogo familiar. Mas compreendemos a situação da mãe do B, e sabemos que não está sendo fácil para ela nem para a família”, disse a CT Cristina Batista Grechi.

PROBLEMA – É de pasmar a inteligência do menor. Durante um curso de manutenção de computadores, ele surpreendeu a todos pelo domínio com as máquinas: “Se ele usasse pra coisas boas, ia longe”, diz a cunhada, esposa do único irmão mais velho, Wellington. A mãe concorda: “Todo mundo dizia que ele era um gênio. Só lamento que seja um gênio do mal”, diz. Segundo ela, a família já se incomodou com o rapaz pelo roubo de uma moto, peças de computadores, e agora o caso dos cartões – a própria mãe foi a primeira vítima do filho. Neste período – dois dias após a morte do pai – o irmão procurou o CT em busca de uma solução, já que não queria mais esconder as “safadezas” de B. Foi encaminhado à Delegacia, e registrou o estelionato do menino, que teria pedido um cartão de crédito adicional da mãe sem o consentimento.

Garoto mora numa casa relativamente confortável, no bairro Mato Alto

OPORTUNIDADES – A mãe acredita que o alcoolismo não é o responsável pelo comportamento do filho: “Criamos os dois igual, o mais velho apanhava até mais. Esse pequeno sempre com carinho, o que que deu?”, pergunta. Segundo ela, além de fazer o curso de manutenção de computadores, B. ainda foi encaminhado pela assistência social para outro curso, que se fosse pago, custaria R$ 1,7 mil. Freqüentou apenas dois dias. Também não quer estudar, e não trabalha. Para ela, o filho conta com a conivência de amigos e até mesmo a mãe de um dos amigos, A., que é dona da conta corrente usada para o depósito de cheques furtados, e que, segundo o menor, não sabia do uso da conta: “Ela ta junto com eles”, afirma. Quanto ao menor ter aberto uma conta poupança com o consentimento dela, nesta sexta-feira, poucos dias após ter sido descoberto o desvio de um cheque numa agência dos Correios feito por um ex-estagiário, comparsa de B, ela diz não lembrar: “Fui lá e abri uma conta pra mim, pra receber o aposento. Não tenho certeza se abri pra ele, mas ele me insistia muitas vezes pra fazer”, diz. Segundo a nora, naquela sexta-feira, ela saiu com o rapaz rumo ao banco, e estava embriagada.

PROVIDÊNCIAS – Durante a reportagem, a mãe contou que o adolescente não teria dormido em casa, que não telefona, não avisa, e que ela não sabe quando irá voltar: “Só Deus sabe”, diz. Diz também que o rapaz não respeita ninguém, que bate e agride ela, não importa se esteja sã ou alcoolizada. Para a mulher, só há uma solução: “Eu quero internar ele, porque não agüento mais essa situação”. Ela apela para as autoridades que tomem providência urgente, e comemora a inauguração da Casa de Semi Liberdade Arte e Vida, ainda sem data definida: “Quero um tratamento assim para o meu filho, sabendo que ele ta internado, sei que estará bem. Tenho esperança que tudo isso acabe e um dia a gente possa ser feliz”, finalizou.


Mãe do menor se consola ao lado da nora e sobrinha: "Ele estaria mais seguro se estivesse internado"

2 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns a jornalista, que tem mostrado que notícia se faz é falando com as pessoas na fonte.

Interessante essa mãe: acolatra e viúva, além de ter esse menino problema pra suportar. E as autoridades, o que fazem com ele e a mãe? Porque ela tbem precisa de tratamento.

Bju
Lorena

Na BoKa do PoVo!!! disse...

LORENA,

A informação que recebi é que a mãe não aceita tratamento, embora o problema do alcoolismo seja antigo, e de conhecimento da assistência social. Como tratar alguém que rejeita o tratamento? Segundo a família, ela chegou a ser internada, pára algum tempo com a bebida, e depois volta a beber. Sem dúvida, essa oscilação pode ter contribuído para o desvio de personalidade do menino, apontado como muito inteligente, mas também como propenso a cometer crimes.

Obrigada pelas palavras de incentivo, e continue acompanhando o blog.

Um abração
Fernanda