terça-feira, 3 de julho de 2007

COISAS DA VIDA - Feliz coincidência

Casal com nomes iguais se conheceu na maturidade e ganhou uma bela filha




ARROIO DO SILVA – Para um homem, se chamar Abigail pode parecer estranho. Para Abigail de Oliveira, 62, o seu Bega, o nome não causa grandes problemas, apenas algumas pequenas confusões, como quando foi casar, pela primeira vez, há mais de 25 anos: “O padre disse que não ia casar duas pessoas do mesmo sexo, aí foi que a gente viu que na minha Certidão de Nascimento dizia que meu sexo era feminino”. O documento foi consertado, o casamento saiu, e ele foi pai de três filhos, até que ficou sozinho. Ativo, ele foi juiz de futebol, funcionário de loja, vendedor e até dono da lanchonete da rodoviária.

Se um homem chamado Abigail já é complicado (mesmo que ele nem ache tanto assim), imagina um casal de Abigails. Pois assim mesmo é a vida de seu Bega: há sete anos, ele costumava ouvir um programa de rádio nos sábados pela manhã, até que um dia ouviu uma tal de Abigail pedir uma música: “Fiquei surpreso, porque nunca conheci alguém com esse nome. Mulher, então. Quis saber se era jeitosinha”.

Há alguns quilômetros do Balneário, em Criciúma, Abigail Peruchi, 52, tricotava com ela mesma: “Como será esse homem que tem o nome igual ao meu?”. Dona Bega – este também é o apelido dela – estava separada do marido, com quem teria sido casada por 25 anos e também teve três filhos. Assim como seu homônimo, ela nunca conheceu ninguém com um nome igual ao seu. Não contou tempo: ligou para a rádio, e pediu para o apresentador, J Nunes, o telefone do xará. Depois de um tempo, resolveu ligar: “Foi estranho, porque ele é conhecido, e eu morei no Arroio. Ele passava na frente da minha casa todos os dias, mas eu nunca tinha visto”. Combinou por telefone uma visita. Um dia foi, pensando que ele estaria na lanchonete da rodoviária: “Quando desci, estava a funcionária. Fui em direção a casa dele três vezes, e na terceira só não voltei, porque ele acabou me chamando. Nunca mais nos separamos”, lembra. Namoraram um mês por telefone, depois, começaram a se ver todos os fins de semana: “Ela deixava peças de roupas lá em casa, e aí eu vi: estava casado”, brinca.


Bruna nasceu pouco tempo após o início do romance, mas prefere que os amiguinhos não saibam da coincidência

Hoje, o casal, que mantém um mercado no Balneário, está junto há sete anos, e tem uma filha, fruto da gravidez aos 45 anos, algum tempo depois que começaram a namorar: “A Bruna é nossa razão de viver”, dizem. Para eles, ter o mesmo nome pode até causar alguma confusão, mas eles se divertem: “Ás vezes ligam pra falar com Abigail, e mesmo sabendo que é ela, eu atendo, e vice-versa. Só pra brincar”. Ela acrescenta: “Mas às vezes isso incomoda. Hoje, eu aprendi: resolvo um monte de coisas por ele só por ter o mesmo nome”.

Para a filha, não deixa de ser estranho o pai e a mãe terem o mesmo nome: “Na escola, só a Tia Joyce sabe. Eu, heim?”, diz.

Como nenhum dos dois se chama pelo nome e têm o mesmo apelido, eles resolveram o problema: “Eu chamo ele de Bill, e ele me chama de Amor, e assim a gente vai vivendo”, finalizou.


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