quinta-feira, 19 de julho de 2007

ENTREVISTA - Na luta pela qualidade na educação

Araranguá Vinte anos como professor de educação física deram ao coordenador regional do Sinte/SC – Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado, José Paulo Victor, a resistência na luta e a permanente necessidade de tentar cada vez mais e melhor. Por três anos, o professor da EEB Maria Garcia Pessi estará à frente de um dos sindicatos mais ferrenhos na luta por mais e respeito e qualidade aos profissionais da classe. Confira as idéias do novo coordenador sobre a educação pública estadual na região nesta entrevista ao Jornal Correio do Sul:

CS – Quais são as metas para este mandato?

JPV – Em nível de luta pelo magistério, queremos incorporar o segundo abono de R$ 100 prometido, mas não cumprido pelo governo, a equiparação do vale alimentação ao da Udesc, e torná-lo mensal (o nosso é diário), também o plano de saúde para os ACT’s, o combate à precariedade das escolas e a luta contra a terceira reforma da previdência.

CS – Por que a terceira reforma? Onde ela afeta os professores?

JPV – Veja bem, o serviço público já foi atingido nas duas primeiras reformas, como por exemplo, a perda do direito à aposentadoria especial, que era de 55 anos para homens e 50 para mulheres, hoje é de cinco anos a mais para os dois. Também queremos que não seja mantido o limite de idade para a aposentadoria, mas o de contribuição no Inss, aos moldes do pessoal da SSP (Secretaria de Segurança Pública). Temos que manter a política de avanço na qualidade da educação, e o salário e aposentadoria dos professores faz parte dessa melhoria urgente e necessária.

CS – E a questão da intervenção do Estado dentro das escolas?

JPV – Essa é outra questão importante: queremos que a LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação seja cumprida, com eleições diretas para diretores das escolas do Estado. Este modelo é previsto, e todas as escolas já deveriam ter se adequado no ano passado. Mas o que faz o governo? Impõe um diretor nomeado, mesmo após a derrota nas urnas, como aconteceu no Instituto Estadual de Educação no ano passado. Achamos que o caminho é a eleição direta para diretor, porque isso desvincula a necessidade da política clientelista, que interfere na qualidade e precarização dos serviços nas escolas.

Coordenador regional do Sinte/SC diz que interferência do Estado prejudica educação, e defende eleição direta para diretores

CS – Mas as escolas parecem bem. A EEB Castro Alves, por exemplo, foi totalmente reformada...

JPV – O Castro Alves é uma exceção, não a regra. A maior parte das escolas está depredada, sem material didático e de expediente... Elas sobrevivem, a maioria, com a renda ou aluguel das cantinas, do ginásio de esportes e nas festas organizadas pela escola. A verdade é que as políticas públicas não são cumpridas pelo Estado, conforme determinam leis, como o Fundeb, onde o bolo é mesmo, mas há mais escolas para repartir a verba. As metas não são cumpridas, e para piorar, grande parte do dinheiro que deveria ser investido na educação acaba indo para outras aplicações. Nossa luta é para que o governo aplique na educação o que é destinado para ela.


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