sexta-feira, 13 de julho de 2007

JULGAMENTO - Assassino de taxista é condenado a 13 anos

Ex de Lucinei não apareceu, mas colaborou com versão. Família da vítima acompanhou julgamento

Araranguá – Depois de mais de nove horas de julgamento, as cinco mulheres e dois homens que fizeram parte do júri popular do Tribunal do Júri que julgou Lucinei Mota, 21, acusado pelo homicídio do taxista Cláudio Martins Justo, então com 48 anos, decidiram por unanimidade pela condenação por homicídio qualificado. Os presidentes do Tribunal, juízes Júlio César Ferreira de Melo e Liane Bardini Alves, decidiram pela condenação a 13 anos de prisão, sem direito a recorrer em liberdade. O advogado de defesa, Giancarlo Setter já antecipou que deve recorrer à decisão, e considera a pena excessiva, já que defende que o rapaz agiu imbuído da idéia de que seria atacado pelo taxista. Apesar do argumento, a perícia mostra que não havia arma de nenhuma espécie no Pálio dirigido pela vítima durante a trágica ocorrência.

Esta, aliás, foi a razão de um quase desentendimento em pleno Tribunal do Júri entre o advogado de defesa e o Promotor Leonardo Todeshini, que trabalhou no caso. Para o advogado, a versão contada pela pivô da história, a ex mulher de Lucinei, Gabriela de Oliveira Almeida, que diz que o condenado teria atirado no homem dentro do carro, com as mãos na direção, preparando-se para dar partida, portanto, sem nenhuma condição de defesa, não é verdadeira. Na versão do acusado, o homem teria se “intrometido” na briga entre marido e mulher no momento em que Lucinei teria tentado tirar a mulher do carro para convence-la a ficar, já que acreditava que ela estaria grávida dele. Com a reação do taxista, o autor julgou que seria agredido pelo homem, e isso foi para ele o motivo do homicídio. Segundo fontes, a mulher estaria grávida, e teve um menino, mas a criança não é filha de Lucinei. O advogado então tentou sugerir aos jurados que, caso acreditassem na versão da única prova testemunhal do caso, Lucinei fosse encaminhado para um exame para avaliação psicológica, já que, segundo ele, ninguém mata sem motivo aparente, e no caso a versão da mulher, não haveria motivos para o assassinato, já que o taxista não teria esboçado nenhum interesse em se envolver na briga do casal, e que dizia apenas que tinha pressa. Para o Promotor, esta foi uma tentativa de confundir os jurados, já que se houvesse interesse da defesa em pedir o exame de sanidade mental, teria sido pedido em tempo hábil.


Julgamento durou mais de nove horas e deu trabalho para jurados, que votaram por 5 a 2 pela qualificação do homicídio

Embora Gabriela não tenha participado do julgamento, o depoimento prestado por ela para o Delegado Jorge Giraldi e para a juíza da Comarca de Torres foi utilizado no julgamento, e conseguiu convencer os jurados, que foram unânimes na condenação, considerando a autoria, a letalidade e descartando a legítima defesa. Mesmo assim, o argumento do advogado influenciou alguns jurados, já que no quesito qualificação, os votos foram de 5 a 2. Outra consideração para a pena do condenado foi a posição de réu primário, já que a pena de homicídio qualificado vai de 12 a 30 anos. Caso não fosse primário, a pena de Lucinei seria de 14 anos em regime fechado.


Defesa e acusação se confrontaram na opinão sobre veracidade da versão da única testemunha presencial

FAMÍLIA ASSISTIU – Para a viúva de Cláudio Martins Justo, Zenaide Justo, o pedido de perdão de Lucinei e o fato de admitir que fez uma coisa horrível pela qual deve pagar não minimiza a dor da perda do esposo e pai dos dois filhos, de 21 e oito anos. Ela assistiu todo o julgamento acompanhada da filha de 21 anos, e diz que a vida na família está difícil, e que o filho mais novo sofre muito pela perda do pai. A dificuldade para pagar a faculdade de direito da filha e as despesas da casa também foram lembradas, já que o casal trabalhava unido no sustento da família: “Ele com o táxi, eu com minhas aulas”, comenta a professora. Ela não quis comentar a pena aplicada ao ato do rapaz, mas diz que repudia a atitude do advogado de defesa: “Ele quis confundir e ganhar tempo”, reclama. Diz também que os pais de Claúdio, que têm sete filhos, nunca mais foram os mesmos depois da morte de Cláudio: “Agora, estão sempre no hospital”, lamenta. Para ela, o certo mesmo seria que o assassino de seu marido cumpra a pena em regime fechado, mas trabalhando: “A gente trabalha pra gente como ele comer e dormir de graça. Não é justo”, finalizou.


Família (d) acompanhou todo julgamento, e diz que a vida não tem sido fácil sem o esposo e pai

A reportagem do Jornal Correio do Sul também procurou a família de Lucinei, mas ninguém quis comentar a
sentença
.

Nenhum comentário: