quarta-feira, 4 de julho de 2007

PRESERVAÇÃO - Consulta Pública discute rebaixamento das águas na Lagoa do Caverá

Comunidade participou de reunião que discutiu relatório da Epagri, que denuncia situação crítica da lagoa

ARARANGUÁ – A comunidade da Lagoa do Caverá participou na tarde deste sábado da consulta pública para discutir o grave problema do rebaixamento das águas da lagoa, problema apontado há 20 anos, e que ainda carece de uma solução.

Na ocasião, foi apresentado pela Câmara Temática do Meio Ambiente do Fórum de Desenvolvimento do Extremo Sul Catarinense - FDESC - o relatório da Epagri, feito entre os dias 14 e 19 de junho, que mostra que o nível da água sofreu um rebaixamento de 10 cm durante o período de cinco dias. O valor corresponde a um milhão de metros cúbicos a cada mil hectares, numa vazão de 4,75 metros cúbicos por segundo, situação considerada crítica pelos técnicos. A pesquisa, feita por régua, aconteceu na propriedade do agricultor Jeancarlo Serafim Roque, e foi assinada pelos engenheiros agrônomos Luiz Leme (PMA), Christianne Belinzoni de Carvalho (Microbacias 2) e Nelson Fidelis (Fatma).

Segundo o relatório, o rebaixamento é acima do normal, e a situação piora em função dos materiais erosíveis existentes na foz, formada por areia e material orgânico, que agravam o problema. Por isso, é necessário que se tomem medidas urgentes: “Sugerimos um abarramento provisório, até que se faça um estudo mais abrangente”, disse o Presidente do Micro Bacias 2 de Araranguá, José Gonçalves Elias.


Membros da Câmara Temática expuseram a situação emergencial da Lagoa, apontada em estudo recente da Epagri

Para o Presidente da Comissão do Meio Ambiente da Câmara de Vereadores, Geraldo Mendes, o estudo mostra que é necessário unir forças com outros comitês de preservação do meio ambiente, para buscar soluções: “O processo de inclusão da Lagoa do Caverá nas medidas compensatórias da duplicação da BR 101 está atrasado, mas deve acontecer, sob pena de perdermos a lagoa”, disse.

Já o representante da PMA e diretor do Samae, Ernani Palma Ribeiro, alerta: “Na Austrália, a água que se toma é produto da água do esgoto tratada. Nos EUA, mais de 2 mil pessoas morrem todos os anos em função do consumo de água. Estamos mais próximos disso que pensamos, e temos urgência em salvar nossos mananciais”.

Para o coordenador da Câmara Temática, o presidente da Ong Sócios da Natureza Tadeu Santos, é possível reverter a situação com inteligência e a implantação da indústria sem chaminés: “Temos que garantir a inclusão da Lagoa na proposta de transformação em Unidades de Conservação da Amesc, para garantir a preservação como potencial eco-turístico, além de habilita-la a receber recursos das medidas compensatórias da duplicação”.

A comunidade defende a implantação, e tem interesse em transformar o local em um espaço para o eco-turismo: “Estamos cansados de debates, queremos soluções. Vendo a lagoa secar, seca também um pouco da alma de cada um de nós”, finalizou o membro da Associação de Moradores, Rogério Alves.

Além da Lagoa do Caverá, a Câmara Temática do Meio Ambiente do Fórum de Desenvolvimento do Extremo Sul Catarinense – FDESC e a Amesc promoveram consultas públicas no Encruzo, em São João do Sul, nesta quinta-feira, e em Sombrio, na última sexta-feira. A próxima consulta deve acontecer nesta quarta-feira, no Balneário Arroio do Silva.


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