terça-feira, 3 de julho de 2007

Maria da Penha - Vítima de violência doméstica pede socorro

Ela tem mais de dez BO’s contra o ex marido, e diz que Polícia não tem feito nada para ajudá-la



Daiane acha que Polícia ignora o problema, mas admite que ainda não oficializou separação


ARARANGUÁ – “Um cidadão perigoso como ele é tratado melhor que eu, que vou trabalhar e só quero cuidar da minha filha”. O desabafo da auxiliar de serviços gerais, Daiane Vieira Patrício, 25, pode fazer sentido, quando se vê que a mulher fez mais de dez Boletins de Ocorrência contra o ex marido, o pintor Jean Robson de Freitas, por violência doméstica, ameaça contra mulher, furto de aparelho celular, desobediência de decisão judicial e perturbação de sossego no trabalho, e continua sem punição. Segundo a mulher, são dois documentos determinando Medidas Protetivas, que o homem não respeita. A última ação do agressor aconteceu nesta sexta-feira (29), quando Jean foi até a creche onde estuda a filha de quatro anos, agredindo a ex mulher e roubando seu celular na frente de várias testemunhas: “Não sei mais o que fazer pra me livrar dele”, desabafa.

Segundo Daiane, o relacionamento começou há sete anos, quando o casal namorou por dez meses, até que ela engravidou. Desde o início do casamento, ele desrespeita a mulher, saindo com os amigos, jogando e só voltando de madrugada. O casal morava nos fundos da casa da tia dela, Luzia Vieira da Silveira, 58, que confirma: “Ele maltrata muito ela e usa a filha como moeda de troca”. Para a mulher, que tem síndrome do pânico e problemas cardíacos, conviver com o esposo da sobrinha não era tarefa das mais fáceis: “Cansei de ver a menina saindo correndo de casa e vindo de refugiar aqui, dizendo que o pai estava sufocando a própria mãe. Hoje, a menina tem tido problemas de comportamento, bate a cabeça no chão. Acho que tudo é culpa dele”, desabafa.



Tia de Daiane (e) diz que teme pelo equilíbrio psicológico da filha do casal



PENSÃO – Um ano se passou, e até agora, tudo o que Jean deu para ajudar no sustento da filha foram R$ 90, uma vez, e ela ainda teve que assinar um recibo. O caso está no advogado, que ainda não legalizou a separação e a questão da pensão alimentícia: “Tenho pressa pra resolver, porque minha vida ta se tornando um inferno”. Para ela, a Polícia é omissa: “Qualquer porta que eu bato, está sempre fechada”, lamenta.



SOLUÇÃO – Segundo o responsável pela Central de Polícia de Araranguá, delegado Jorge Giraldi, por duas vezes foi expedido Mandado de Prisão contra Jean. Na primeira vez, ele pagou a fiança, na segunda, ficou por algum tempo no Presídio Regional. Jean foi um dos primeiros autores de violência doméstica preso na região após a nova Lei Maria da Penha, em outubro do ano passado. O Delegado afirma conhecer o problema do casal, e diz que a Polícia tem feito tudo para solucionar. Ele prometeu pedir a Prisão Preventiva, e diz que se o Juiz acatar, o pintor vai parar na cadeia: “Ele é um sujeito safado, porque afronta a Polícia, não respeita a Lei e acha que pode fazer o que quer”. Para ele, a vítima peca pela inércia: “Ela não tem procurado apoio na esfera cível, e precisa fazer isso urgentemente, até para que as ações da Polícia tenham reflexos mais profundos nas atitudes de Jean”, finalizou.


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